sábado, 17 de fevereiro de 2007

A falácia da concentração de renda

Eu penso que essa forma de calcular concentração de riqueza em bases puramente monetárias um erro metodológico que leva a conclusões erradas. A razão é simples: pode-se falar que 2% das pessoas do mundo controlam 50% da riqueza mundial, com base em cálculos de concentração de renda em termos monetários. O problema é que esses números levam a conclusão erradas sobre a concentração de renda real.

Concentração de renda

O que acontece nas economias de mercado é a migração natural de recursos monetários para os agentes que melhor os administram. O fato de uma pessoa possuir muitos bilhões de dólares, não significa que só essa pessoa de beneficia desses bilhões de dólares.

É fácil demonstrar isso: vamos pegar o Bill Gates, que parece que tem US$40 bi em cash, no banco. Ora, é óbvio que ele nunca usará todos esses recursos, e só o fato desses recursos estarem no sistema financeiro, já está beneficiando toda a sociedade, dado que outras pessoas deficitárias em recursos poderão usar uma parte desses recursos, afinal, a função precípua do sistema financeiro é transferir recursos de agentes superavitários para agentes deficitários.

Então, tiremos o aspecto monetário da história. Ora, é óbvio que por mais rico que um indivíduo seja, ele não vai consumir muito mais comida do que outras pessoas. Ele vai dormir em apenas 1 (uma) casa, e andará sempre com um carro de cada vez.

Então, o que acontece é que 2% da população mundial administra 50% dos recursos mundiais, mas isso não significa que detêm 50% da riqueza. Note-se que este fenômeno econômico não é muito intuitivo, tendo em vista que as pessoas tendem a entender renda e dinheiro como coisas estáticas, sendo que são entidades dinâmicas.

Some-se a isso a paixão por dinheiros dos militantes de esquerda (eles não admitem isso), e tem-se uma situação em que consideração excessivamente monetaristas são colocadas e que só olham para o lado monetário da economia, quando deveriam perceber que o que importa é o lado real da economia. Diagramas IS-LM.

Calcular desigualdade monetária é equivocado

Eu insisto que falar em desigualdade com base nessas estatísticas puramente monetárias é completamente equivocado. Essas estatístiscas mascaram a realidade completamente. Exemplo prático.

Imagine uma pessoa que mora em um apartamento de 2 quartos num bairro nobre. Esse apartamento pode valor, vamos supor, 300K. A empregada dele, mora numa casa de 2 quartos, num bairro relativamente afastado. Essa casa vale 15K.

Os dois tem casa, com o mesmo número de banheiros, de quartos e etc. A casa da empregada é até maior que a dele, tem quintal e tudo o mais. Segundo essas estatísticas, se vc somar o valor dos imóveis 300K + 20K, vai dar 320K. Aí o sujeito que mora no apartamento deterá 300/320 = 94% da riqueza, e a empregada dele, 6% da riqueza.

Ocorre que ambos têm casas, a pessoa que detém 6% tem uma casa até maior, só que num lugar menos valorizado. Mas o lugar tem água encanada, luz, telefone, asfalto e é servido por serviços públicos, como escola, transporte e etc.

Então, dá para falar que o nível de vida da pessoa que detém 94% da renda é 16 vezes melhor do que o da empregada? Não. O nível dele é um pouco melhor, vive num bairro melhor, demora um pouco menos para chegar ao trabalho e etc.

Só que se você faz a conta por aspectos puramente monetários, distorce completamente a realidade.

Vamos usar outro exemplo. Um apartamento de 4 quartos no interior do paraná é possível comprar por 50k. Uma kitinete em NY custa U$ 3 milhões de dólares. Quem vive melhor? O sujeito que mora  em um apartamento de 4 quartos de 250m2 no interior de SP ou quem vive numa kitinete de 20m2 no centro de Manhattan?

Pelo raciocício puramente monetário vamos fazer a conta.

kit em manhatam = US$ 3 milhões = R$ 6 milhões
ap de 250m2 no interior do paraná = 50K

Logo, 6.000.000/50.000 = 120 vezes.

Então a conclusão é que o cara que se espreme numa kit de 20 m2 em manhatam vive 120 vezes melhor do que o cara que mora num ap de 250m2 no interior de SP? Essa é o tipo de conclusão vendido pelas estatísticas de concentração de renda, e, como podermos ver, completamente equivocadas.

Essa reportagem abaixo é tida como a prova que o capitalismo concentra renda.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/12/061205_riqueza_dg.shtml

Eu defendo a tese que falar em desigualdade com base nessas estatísticas puramente monetárias é completamente equivocado. Essas estatístiscas mascaram a realidade completamente.

Mas pergunte quem vive melhor? Tudo depende do ponto de vista, mas o cara que vive no interior do paraná não conveviverá com poluição, não enfretará transito…estará num imóvel 12 vezes maior, mais confortável! E pelas estatísticas monetárias, o cara que mora na kit em manhattam vive milhares de vezes melhor.

Conclusão: essas estatísticas de desigualdade de renda são falaciosas.

3 comentários:

  1. Então doe todo seu dinheiro para o bill gates, assim ele administrará bem melhor que vc.

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  2. Pegue outro exemplo: um ap de 4 quartos no interior do paraná vc compra por….50k. Uma kitinete em NY custa U$ 3 milhões de dólares! Quem vive melhor? O cara que mora num ap de 4 quartos de 250m2 no interior de SP ou quem vive numa kitinete de 20m2 no centro de Manhattan? Pelo raciocício puramente monetário vamos fazer a conta.
    kit em manhatam = US$ 3 milhões = R$ 6 milhões
    ap de 250m2 no interior do paraná = 50K
    Logo, 6.000.000/50.000 = 120 vezes.

    Minha opinião: Pense comigo...Se le vender a sua kit em Manhatam ele tem a possibilidade de comprar quantas casas de 250m2 no interior de SP. Logo...

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  3. Cara Kassia,
    caí por um acaso neste blog. Mas diante de teu argumento e a da única - e ridícula - contestação a ele feita pelo indivíduo acima, decidi comentá-lo. A questão não é tão simples quanto teu texto demonstra ser. E a única razão na qual embasarei meu argumento, apesar de haver outras, é a falácia - já que usas bastante esse termo - aplicada ao conceito de valor em teu texto. Tu misturas duas noções: o valor monetário (eu poderia dizer, real) e o simbólico. Os apartamentos em NY custam mais do que no lamentável interior do Paraná, que já tive a oportunidade de conhecer, não porque são mais funcionais, REALMENTE melhores, mais espaçosos, mais confortáveis, mas porque propiciam status. Eles propiciam status porque ali se encontram outros bens que possuem um valor também simbólico muito forte, como a possibilidade de assistir uma peça da Broadway ou correr no Central Park. E isso também custa muito dinheiro e, a grande questão é que, aquele que tem poder aquisitivo para adquirir algo de grande valor simbólico é capaz de usufruir de bens materiais relevantes, tais como segurança, saúde, transporte de qualidade, entre outros, que afetam diretamente e concretamente sua qualidade de vida. Se gostas tanto de exemplos, um dia apenas em meu lugar poderia verificar isso empiricamente, muitos de meus alunos caminham para ter aula em meio a indíces menores de poluição em que vivo e habitam casas com pátios do tamanho, ou maiores, que meu apartamento. No entanto, carecem de dentes na boca, são mais suscetíveis à violência urbana. São mais felizes do que eu? Talvez. Mas quando esse critério for válido, qualquer injustiça poderá ser justificada.

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