sábado, 17 de fevereiro de 2007

O que é capital?

A coisa mais engraçada que existe é perguntar para um esquerdinha o que é "Capital". Eles, apesar de achar que são contra o capital, não sabem sequer definir o que é Capital. Os menos burros começam querendo trabalhar o conceito de "mais-valia", um aspecto superado na ciência econômica faz quase 1 século.

Capital, Teoria Conceitos e Marxismo


Teorias de Valor

O conceito de "mais-valia" faz parte das chamadas "teorias de valor", que, por sinal, também estão superadas. Hoje, trabalha-se única e exclusivamente com o conceito de "preços", não de "valor". Porém, se o objetivo é discutir teorias de valor, tudo bem, vamos lá.

A teoria do valor trabalho


Marx teorizou que os preços oscilam em torno do "valor" e que o valor de um bem seria decorrente do trabalho humano nele empregado, conceito que ele tirou da teoria do valor-trabalho, de Adam Smith.

Utilidade Marginal

Ocorre que o valor de um bem não é decorrente do trabalho nele empregado, mas da utilidade desse bem, entre outros fatores. A Teoria da Utilidade Marginal, elaborada nos anos 20 do século XX, revolucionou as teorias de valor. É só por meio da Utilidade Marginal que se chega a explicação teórica das Leis de Oferta e da Demanda.

Os furos da Teoria do Valor Trabalho

A teoria do valor-trabalho tem vários furos. Vamos citar exemplos:

1. Crie uma fábrica de máquinas de escrever, contrate funcionários, máquinas, e etc. Todos irão trabalhar para produzir máquinas de escrever, porém, tais máquinas não terão valor algum, porque máquinas de escrever não tem mais utilidade alguma.
2. Outro exemplo. O Golf e o Audi A3, são produzidos na mesma fábrica, pelos mesmos funcionários, porém um tem um valor mais elevado do que o outro. Como pode se ambos são produzidos pelos mesmos funcionários?
3. Além disso, somente com a teoria da utilidade marginal que você explica as leis de oferta e procura, e se você adotar como válida a teoria do valor trabalho, você tem que considerar falaciosas as leis de oferta e de procura, que, de toda forma, as vemos funcionando diariamente, em todos os mercados.

A análise econômica marxista é completamente furada!

Portanto, se a teoria do valor trabalho é equivocada, a mais-valia, nela baseada, também o é. Além disso, como toda a análise marxista é fundamentada na mais-valia, então, por conseqüência, toda a análise marxista está furada.

A seguir comentarei um artigo sub-marxista.

"A proposta deste pequeno artigo é compreender o capital enquanto movimento de produção e reprodução de mais valia, ou "mais valor""

Já foi demonstrado acima que você não pode trabalhar com o conceito de mais-valia, porque já está demonstrado que o valor de um bem é decorrente de sua utilidade, e não do trabalho nele empregado.

É o desenvolvimento tecnológico que influencia da evolução histórica, e não essa besteira de "materialismo histórico e luta de classes"

[i]"O sistema social do capital será analisado sob ótica do materialismo histórico."[/i]

Materialismo histórico é outro conceito furado. A história da humanidade é muito mais influenciada pelo desenvolvimento tecnológico do que por luta de classes. Alías, não acredito no conceito de luta de classes.

[i]"Para Marx, o modo de produção dos bens necessários à sobrevivência do homem determina a constituição da sociedade, do homem e de sua consciência, determina toda a formação social."[/i]

Discordo desse ponto de Marx. Acho que os valores sociais aperfeiçoados ao longo da história que determinam a constituição da sociedade. O sistema de produção é apenas um dos elementos da sociedade. Sociedade é muito, mas muito mais do que simplesmente sistema produtivo.

Divisão do Trabalho

[i]"Mas no sistema capitalista a especificidade humana (pensar e agir conscientemente) é dilacerada, o trabalho é dividido e se torna alienado, o homem já não é o sujeito de seu trabalho, sua força de trabalho é cedida às necessidades do capital."[/i]

Mas isso é o óbvio. Divisão do trabalho. Você só pode ser professor porque tem outras pessoas produzindo comida, alimentos, computadores, serviços de conexão a Internet, para que você possa escrever seus artigos. Além disso, trabalho é apenas uma das dimensões do ser-humano. O fato dele fazer um trabalho "alienante" não o condena a ser alienado. Além disso, a maioria das pessoas gostam exatamente de trabalhos alinenantes.

Globalização: mais um fenômeno tecnológico

[i]"Na verdade, a lógica do capital impulsionou o colonialismo, a formação do mercado mundial, o imperialismo e a denominada globalização (cujo nome preciso é mundialização do capital)."[/i]

Não foi a lógica do capital que gerou a globalização. A globalização é decorrente do desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação. Toda inovação tecnológica gera mudanças na sociedade, e na economia também. A análise desse processo foi feita por Shumpeter.

Os trabalhadores, hoje, são os maiores capitalistas

[i]"O desenvolvimento do modo de produção social de um produto privado, concentrador e excludente impulsiona o surgimento de duas classes sociais antagônicas, em constante conflito, uma a subjugar a outra. A classe burguesa, proprietária dos meios de produção e a classe proletária, (trabalhadores que produzem riquezas) se chocam num movimento dialético (movimento impulsionado pelas contradições: tese ® antítese ® síntese ®tese ® antítese ® síntese...), um movimento histórico. "[/i]

Totalmente equivocado isso. Hoje o mercado de capitais é dominado pelos chamados "investidores institucionais" que são os fundos de pensão dos trabalhadores americanos, europeus e também brasileiros. O PREVI, por exemplo, fundo de pensão dos trabalhadores do BB, é um dos atores mais poderosos do mercado de capitais brasileiros."O capital definido por "dinheiro" é simples e errôneo."Exato. Capital é apenas a forma de se aplicar o dinheiro. Se você usa o dinheiro para consumir, então você não está usando o dinheiro como "capital". Porém, se você coloca esse dinheiro num fundo de aplicação financeira, por exemplo, você está transformando o dinheiro em capital, ou seja, você está sendo capitalista.

Acumulação de capital

[i]"A acumulação de valor abstrato se dá através da exploração do trabalho."[/i]

Nada disso. A acumulação de capital se dá por meio de gastar menos do que consome. Se você for gastando menos do que consome, você vai acumulando capital constantemente. A idéia da exploração é decorrente da mais-valia, que, como vimos, é furada.

[i]"Ele não se interessa pelo valor de uso das mercadorias, mas pelo seu valor de troca, pois este sim permite a acumulação da riqueza abstrata."[/i]

Não existe essa diferenciação. Valor de uso é dado pelo mercado. Quem produz um bem não controla o preço que esse bem terá no mercado. Os mercados que definem esses preços. Se o preço estiver muito alto, isso gerará um incentivo para o capiutalista aumentar produção desse bem, e com o aumento da oferta, o preço cairá, e se popularizará. É isso que acontece em todos os mercados.Não dá para analisar esse processo como se o capital ou capitalismo fosse um ente dotado de razão. Não é. Capitalismo é processo.

Precificação monetária no sistema de mercado leva ao menor desperdício de recursos

[i]"Tudo no sistema capitalista tende a ser "mercantilizado""[/i]

Não é "mercantilizado", mas "precificado". E precificar é importante para que se consiga produzir mais de qualquer bem, com a menor quantidade de insumos, produzindo mais, para que cada vez mais pessoas tenham acesso a esse produto.

Um comentário:

  1. "Uma coisa pode ser um valor-de-uso e não ser um valor: basta que seja útil ao homem sem provir do seu trabalho. Assim acontece com o ar, prados naturais, terras virgens, etc. Uma coisa pode ser útil e produto do trabalho humano e não ser mercadoria. Quem, pelo seu produto, satisfaz as suas próprias necessidades, apenas cria um valor-de-uso pessoal, [mas não uma mercadoria]. Para produzir mercadorias, tem não somente de produzir valores-de-uso, mas valores-de-uso para os outros, valores-de-uso sociais. [E não basta produzir para os outros. O camponês medieval produzia cereais para pagar o tributo ao senhor feudal e o dízimo à igreja. Mas nem o tributo nem o dízimo, embora produzidos para outrem, eram mercadorias. Para ser mercadoria é necessário que o produto seja transferido para outrem, que o utilize como valor-de-uso, por meio de troca.] Finalmente, nenhum objecto pode ser um valor se não for uma coisa útil. Se é inútil, o trabalho que contém é gasto inutilmente, [não conta como trabalho] e, portanto, não cria valor."

    Karl Marx, O Capital, Vol I

    ResponderExcluir

Observação: comentários que contenham palavras de baixo calão (palavrões) ou conteúdo ofensivo, racista, homofóbico ou de teor neonazista ou fascista (e outras aberrações do tipo) serão apagados sem prévio aviso.

alert('Olá prazer em conhecê-lo!'); alert('Olá ' + comment.authorUrl + ', prazer em conhecê-lo!');