A estratégia populista de ampliação do curral eleitoral governamental segue firme e forte, com as informações de que o governo brasileiro tem a meta de colocar mais 800 mil famílias no Bolsa Família até 2013. A pergunta que fica é: até que ponto é sustentável a estratégia do governo de criação de currais eleitorais por meio do Bolsa Família?
O fato é que o estoque de "elegíveis" ao Bolsa Família está chegado ao fim, já que a atual maratona da miséria parece ser ápice do processo de ampliação do Bolsa Família. Movimentos posteriores terão que ser feitos com base em elevação do limite de renda, o que evidenciaria ainda mais o caráter eleitoreiro com o qual o programa é tratado.
Outro aspecto que coloca interrogação na sustentabilidade desse processo no longo prazo é que, enquanto alguns miseráveis entram no Bolsa Família, outros tantos que pagam a conta no Sudeste e Sul engordam os votos da oposição, pois esse segmento mais moderno da sociedade brasileira, e que não é cooptado pelos programas assistencialistas federais, não acham nem um pouco engraçada essa brincadeira de continuar pagando a conta desses programas populistas.
Só o Estado de São Paulo responde por quase 50% da arrecadação tributária federal, algo como R$ 500 bilhões de reais anuais, e recebe quase nada em troca. A maioria desses recursos são direcionados para outros estados da federação no âmbito do Fundo de Participação de Estados e Municípios. O problema é que existem limites à expropriação de renda de São Paulo por parte de outras unidades da Federação, sob o risco de matar a galinha dos ovos de ouro.
Outro ponto deletério da ação populista do governo federal é que ela leva a uma redução na eficiência econômica, que associado à ausência de investimento em infra-estrutura e em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, somada à ineficiência da máquina pública, o resultado é que o potencial de crescimento da economia brasileira cai, e obriga a manutenção de elevadas taxas de juros (e, portanto, de custo de endividamento público) para a inflação não sair do controle.
A ineficiência da economia brasileira também fica evidente na facilidade com que se formam bolhas de preços em mercados com oferta inelástica, como como imóveis, por exemplo. Não podemos deixar de considerar também que como o crescimento atual decorre unica e exclusivamente do consumo, uma crise de liquidez na economia internacional joga o Brasil na recessão (como aconteceu em 2008).
A conclusão é que os limites da política econômica populista do governo brasileiro começam a ficar a cada dia mais evidentes. Se esses limites serão suficientes para tornar as chances da oposição chegar ao Palácio do Planalto em 2014 ainda é uma questão em aberto.
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