No Brasil, a combinação de anos de estabilidade econômica, renda em ascensão e inflação sob controle levou às alturas o preço dos imóveis, que agora estão supervalorizados em até 50%, disse o grupo de consultores Capital Economics, num relatório de análise divulgado na quarta-feira.
"Há várias razões pelas quais esperaríamos ver um aumento acentuado no preço dos imóveis no Brasil nos últimos cinco anos. Mas mesmo assim é difícil justificar a magnitude do recente salto nos preços. Do jeito que as coisas estão, estimamos que o mercado esteja supervalorizado em até 50%", disse a Capital Economics.
O preço dos imóveis subiu 23,6% no ano passado, de acordo com a Fipe.
A taxa de desemprego média no país caiu de 6,7% em 2010 para uma baixa recorde de 6,0% em 2011, enquanto o salário médio mensal aumentou de R$ 1.582,50 (US$ 888) em 2010 para R$ 1.625,46 (US$ 888). A taxa básica de juros, que tem estado alta, enfraquecendo o mercado de financiamento imobiliário, está agora perto de um mínimo histórico, em 9,75%, e o Banco Central está prometendo fazer pelo menos mais um corte no final do mês. Cerca de 60% das compras de imóveis envolvem financiamento.
Além disso, os bancos brasileiros estão voltando seu foco para o mercado de financiamento imobiliário. Atualmente, os financiamentos pendentes equivalem a apenas 4,8% do PIB; os analistas preveem um aumento para 10% até 2014.
De acordo com a Capital Economics, desde 2008 os preços dos imóveis residenciais nas duas maiores cidades do Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro, aumentaram 140%.
"No entanto, é difícil escapar da conclusão de que o boom imobiliário do Brasil foi longe demais. É certo que na ausência de uma medida objetiva do 'valor justo', chegar a uma conclusão assim é mais uma arte que uma ciência. Mas nossa análise sugere que os preços dos imóveis aumentaram de maneira desproporcional ao aumento da renda familiar e à proliferação dos financiamentos imobiliários. Como resultado, a moradia no Brasil agora parece cara, tanto em relação à renda mensal quanto ao aluguel, assim como aos imóveis em outros mercados emergentes", diz o relatório.
Apesar do boom dos preços de imóveis, o relatório prevê que os preços vão se desacelerar lentamente.
"Daqui para o futuro, a capacidade do Brasil de gerar taxas relativamente altas de aumento na renda nominal deve tornar mais fácil para a bolha imobiliária se desinflar lentamente, por meio de um ajuste nos preços reais — em contraste com o forte ajuste dos preços nominais visto recentemente em partes do mundo desenvolvido", diz o relatório.
"Mas se a economia se desacelerar, ou for atingida por um choque externo, tal como uma queda grande e prolongada nos preços das commodities, então a probabilidade de um ajuste maior do mercado imobiliário vai sem dúvida aumentar. Felizmente, seja qual for o resultado, os bancos brasileiros parecem relativamente bem posicionados para suportar a tempestade."
Fonte: The Wall Street Journal
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