O Núcleo de Real Estate da Escola Politécnica da USP emitiu a Nota da Reunião de 15 de março de 2012, onde os membros fazem uma análise e traçam cenários para a economia global, nacional e seus reflexos no setor de construção civil do Brasil.
Economia
No que respeita a economia mundial, o NRE-POLI aponta que a economia dos EUA está melhorando e gerando mais empregos, mas há desafios pela frente, como o déficit fiscal em 9%, o que exigirá um ajuste futuro para 7%, o que restringirá o crescimento.
No caso da Europa, observa-se uma situação pior, pois da mesma forma que ocorreu nos EUA, o BCE está atuando para fornecer liquidez ao sistema financeiro, mas não está comprando títulos podres do sistema bancário (como fez o FED nos EUA), o que leva a contração do crédito, e, consequentemente, da economia como um todo.
A segunda maior economia do mundo, a China, tem seu crescimento baseado no superinvestimento, atualmente da ordem de 45% do PIB (contra 18% do PIB, no Brasil), e esse modelo está chegando aos seus limites. Além disso, há demanda por aumentos salarias, o que pressiona a inflação e deve exigir elevações das taxas primárias de juros, levando a uma redução do crescimento.
No caso da economia brasileira, será afetada negativamente pela redução dos preços das commodities, necessidade de conter a inflação. Por outro lado, está em curso uma alteração no cálculo do IPCA-IBGE, que é o indicador oficial de inflação, o que pode permitir reduções adicionais nos juros.
O resultado disso é que o crescimento do PIB brasileiro em 2012 deve se situar no máximo em 3,5%. Há, porém, um processo de elevação da renda em decorrência da baixa taxa de desemprego e também da elevação do salário mínimo.
Endividamento das famílias e empresas
O endividamento das famílias cresceu de 20% em 2006 para 45% em 2011, assim como crédito, que pulou de 20% em 2005 para 45% em 2011. O comprometimento da renda, porém, variou de 18% em 2005 para 20% em 2011, resultado da elevação da renda média da população, alongamento dos prazos e redução dos juros dos financiamentos.
Tendo em vista a perspectiva de redução de juros, haverá uma redução no comprometimento da renda e, consequentemente, um maior espaço para novos endividamentos.
Demografia
O população economicamente ativa é a que mais cresce no Brasil, o que amplia a demanda por imóveis. Assim, a taxa média de crescimento econômico de 4% prevista para os próximos anos deve se concentrar no setor de serviços em detrimento da indústria.
Setor imobiliário
Com a redução dos juros cria-se uma demanda de investidores que saem do mercado financeiro em busca de rentabilidade em ativos reais, e nesse sentido o setor imobiliário é um dos destaques.
Fundos Imobiliários
Devem apresentar crescimento em decorrência das vantagens tributárias e busca por maior rentabilidade. Além disso, podem se configurar como uma alternativa de financiamento para o setor.
Estoques
Os estoques de imóveis em mãos das construtoras estão se elevando, o que deve levar as construtoras a adotar uma política de descontos no curto / médio prazo.
Assim, com o nível atual de estoques elevados, o NRE-POLI não acredita em elevação de preços reais de imóveis em 2012.
Além disso, o núcleo alerta que os preços subiram acima das rendas do mercado promovendo desorganização, o que exige um ajuste, que poderá ser feito por redução de preços, adequação de produto (imóveis menores e mais baratos) ou redução dos juros de financiamento.
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